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O que o homem moderno precisa aprender é simplesmente que todo argumento tem em sua base uma suposição; isto é, algo de que não se duvida. É claro que você pode, se quiser, duvidar da suposição que está na base de seu argumento, mas nesse caso estará começando um argumento diferente com uma outra suposição em sua base. Todo argumento começa com um dogma infalível, e esse dogma infalível só pode ser discutido se recorrermos a algum outro dogma infalível; você jamais poderá provar seu primeiro enunciado, ou então ele não será o primeiro. Isto é o bê-á-bá do pensamento. Que tem um ponto especial e positivo: pode ser ensinado na escola, como o outro bê-á-bá. Não começar uma argumentação sem antes declarar seus postulados é algo que pode ser ensinado em filosofia como é ensinado em Euclides, numa sala de aula comum com um quadro-negro. E penso que deveria ser ensinado de maneira simples e racional mesmo para os jovens, antes de saírem para as ruas e serem entregues à lógica e à filosofia dos meios de comunicação. Muito da nossa confusão sobre religião e das nossas dúvidas advém disto: nossos céticos modernos sempre começam afirmando aquilo em que não acreditam. Mas mesmo de um cético queremos saber primeiro em que ele acredita. Antes de discutir, precisamos saber o que é que não se discute. E essa confusão aumenta infinitamente pelo fato de que todos os céticos do nosso tempo são céticos em diferentes graus da dissolução que é o ceticismo. Agora, você e eu temos, espero, esta vantagem sobre todos esses hábeis novos filósofos: não estamos malucos. Todos nós acreditamos na Catedral de São Paulo; muitos de nós acreditam em São Paulo. Deixem-nos afirmar claramente este fato, que acreditamos em um grande número de coisas que fazem parte de nossa existência, e que não podemos demonstrar. E por ora deixemos a religião fora de questão. Afirmo que todos os homens sãos acreditam firme e invariavelmente em um certo número de coisas não demonstradas nem demonstráveis. Permitam-me apontá-las resumidamente:
Seguramente é possível estabelecer alguns enunciados simples, modestos como os acima, para fazer com que as pessoas saibam em que apoiar-se. E se o jovem do futuro não deverá (no momento) ser instruído em nenhuma religião, poderá ser ao menos ensinado, clara e firmemente, sobre três ou quatro sanidades e certezas do pensamento humano livre.
In "Philosophy for the Schoolroom" (The American Chesterton Society). Tradução de Roberto Mallet. Há uma outra tradução, de Gabriele Greggersen, na Revista Eletrônica Videtur, no site da Editora Mandruvá.
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